sábado, 18 de abril de 2009

Ali está...

Nome, estigma? O fato é que ninguém morava naquele bairro, embora milhares de pessoas se empoleirassem pelas imediações em barracos precários e em algumas poucas casas de alvenaria. Como Ana e Mauro, os personagens da cartilha do ABC que ele já balbuciava na escolinha da professora Naná, todos ali moravam no Marco. Aquele bairro só existia de fato em suas vidas como motivo de constrangimento e nas tramas escandalosas dos noticiários policiais, da Patrulha da Cidade, na voz de Paulo Ronaldo, nos tiros pela madrugada, no cheiro forte de erva que tresandava da Vala do Manelão, do Mangueirinha, das bandas lá do Bacabal, da baixa da Curuzu, da direção da cacimba, dos olhos vermelhos e dos dedos azinhavrados de Ivan e seu indefectível violão de som desafinado, das árvores de ingá, abiu e ameixa nos quintais sem cerca, do matagal iridescente após a tempestade, da direção do Cruzeiro e do Amância Pantoja, das casas de Deuzuite e do Turco, e até em meio à ternura de irmã Dulce, do batuque na Diamantina, da pensão das putas na esquina da Antônio Baena e do bilhar onde Oswaldo Oliveira pontificava absoluto – ali está a mulher que tanto amei!

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