sábado, 18 de abril de 2009

Caixinha

Liberado da corrente, o cachorro late alucinado em meio à molecada, que lhe atira, de maldade, as saúvas maiores sobre o lombo, fazendo-o ganir com as ferroadas. Um dos moleques maiores percebe, de imediato, o jeitão aru, de otário, de Zé Mané do novo vizinho. Tá no papo! – pensa o moleque, ao chamar: Ei, novato, quer comprar um radinho? – diz isso e mostra ao garoto um artefato pequeno e brilhante, meio que às escondidas, como um mágico, um prestidigitador num truque de ilusionismo. E o garoto, curioso, se aproxima, olhos fixos no objeto: é de pilha? Não, rapaz, ouve, é bem melhor! – E o garoto vê um pouco mais de perto a caixinha folheada com papel prateado, de carteira de cigarro. Na ponta, feito antena, o talo verde de uma plantinha que depois ele veio saber chamar-se vassourinha. No ouvido, um zumbido gostoso, que encanta. - Quanto custa? - quer saber. Quanto tens? – devolve o moleque, esperto. - Uma moeda, e mostrou. - É tua! – retruca o moleque, agarrando a moeda e deixando-lhe a caixinha.

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